quinta-feira, 24 de abril de 2008

[CD] Hard Candy, Madonna [2008]

[Ao som de Miles Away, Madonna - Hard Candy, 2008]



Pouco mais de dois anos de espera e os fãs de Madonna já estão prestes a colocar as mãos em seu mais novo trabalho, que chega às lojas de quase todo o mundo no dia 29 de abril. Hard Candy é, para muitos, sinal de mudança. Para outros, uma tentativa em razão de agradar o mercado dos Estados Unidos - talvez a maior frustração de Madonna em termos de aceitação. O que se pode dizer, com certeza, é que o álbum é uma coletânea de possíveis e prováveis hits. Com uma proposta totalmente diferente de seu último lançamento - o disco eletrônico Confessions On A Dance Floor, que parecia mais uma mixtape repleta de sucessos como Hung Up, Sorry e Get Together - Hard Candy nasce para figurar entre os CDs Pop contemporâneos. Não, realmente não se trata de um álbum R&B, está mais para um Pop com elementos Urban.


As 12 faixas da versão oficial buscam mostrar o poder de Madonna sobre o mundo. Primeiro ela tem uma loja com os mais deliciosos doces, depois é a heroína de uma catástrofe mundial, passa por momentos profundos e introspectivos, enfrenta uma impostora, dá aulas de espanhol com um tom cômico e termina com um tema que tem tudo para ser um hino de amor/ódio com um toque S&M, tudo isso com referências não tão sutis ao sexo. A produção, que fica por conta de Timbaland, Justin Timberlake, Pharrell Williams e da própria Madonna não faz feio. Grande parte das faixas, porém, parecem um tanto produzidas demais, como se Madonna estivesse tentando um tanto quanto demais para que o CD se aproximasse o máximo possível da black music. São nesses momentos que alguns deslizes extremamente normais acontecem e, somados à falta de bridges e ao vocal que é sempre igual em todas as músicas, acaba tornando alguns trechos um tanto quanto entediantes e irritantes. É o caso das extremamente longas She's Not Me e Incredible, onde repetições na letra somadas às constantes mudanças de melodias e o dispensável instrumental do final cansam o ouvinte. Parece que a tentativa de se fazer uma nova mixtape, dessa vez com um estilo diferente, não fora muito feliz.


O que não tira e em nada o brilho de canções espetaculares, como a influenciada por The One de Kylie Minogue, Heartbeat e a introspectiva e obscura Miles Away. É no momento em que Madonna se rende a essa certa vibe underground que suas canções brilham. Voices é talvez uma das mais interessantes surpresas dentro do contexto de Hard Candy. Embora as melodias sejam um tanto quanto plastificadas e lembrem, em muitos casos, melodias já utilizadas por Brandy, Gwen Stefani, Nelly Furtado e o próprio Justin Timberlake - todos esses artistas já foram produzidos por algum dos responsáveis por Hard Candy - é na extremamente original Spanish Lesson que Madonna consegue fugir de tudo isso, dando uma certa sensação de nostalgia em relação à utilização de elementos latinos em momentos anteriores de sua carreira.


A extensão de Hard Candy nos mostra que o 11º álbum de estúdio de Madonna não fará feio. A cantora disse que tenderia para a black music e realmente não estava brincando. Entre a poluição sonora de músicas como o single 4 Minutes e a necessidade de editar trechos de Give It 2 Me, S
he's Not Me, Incredible e Devil Wouldn't Recognize You, Madonna consegue brilhar quando se deixa aproximar mais do electro-pop, deixando o desconforto do Urban de lado e dominando o território que ela tem como refúgio certo. Com certeza os remixes que serão feitos para este CD serão incríveis. Cada música parece feita para virar electro-pop em sua versão remixada. Os quase 50 anos de vida e os mais de 25 de carreira certamente não anunciam seu fim. Madonna volta após quase três anos de ausência e não decepciona seus fãs e, surpreendentemente nem alguém que não é seu fã, como eu.


Tracklist:
01. Candy Shop
02. 4 Minutes (Feat. Timbaland & Justin Timberlake)
03. Give It 2 Me
04. Heartbeat
05. Miles Away
06. She's Not Me
07. Incredible
08. Beat Goes On (Feat. Kanye West)
09. Dance 2Night (Feat. Justin Timberlake)
10. Spanish Lesson
11. Devil Wouldn't Recognize You
12. Voices


DESTAQUES: Miles Away, Heartbeat, Voices e Spanish Lesson são incríveis. As produções de Pharrell também dão um banho nas de Timbo e Timber.

FRACAS: 4 Minutes, Candy Shop, a repetitiva Incredible e os vocais de Justin Timberlake.


AVALIAÇÃO

(3.5 de 5.0)


AVALIAÇÃO DO LEITOR:


Rafaélico.

[Ao som de Voices, Madonna - Hard Candy, 2008]

quarta-feira, 16 de abril de 2008

[CD] Complicated, Nivea [2005]

[Ao som de Vanishing, Mariah Carey - Mariah Carey, 1990]



INTRODUÇÃO: Nivea - A jovem desconhecida do Crunk'nB.


Nivea é mais uma desconhecida no mundo do entretenimento. Não tive contato algum com nenhum trabalho dela até o ano de 2005. Logo após ouvir o primeiro single de Complicated, Okay (Feat. Lil' Jon & Young Bloodz), busquei algumas informações e descobri que este era o segundo álbum da cantora, e que o primeiro trabalho, auto-intitulado Nivea, foi um grande desastre, exceto pela canção Don't Mess With My Man, que alcançou o top 10 no Hot 100 da Billboard e ainda conseguiu uma indicação para o Grammy em 2003. Dois anos se passaram e, logo após os fracassos dos singles posteriores, Nivea nos deu uma grande surpresa: o álbum Complicated. Por conta de sua gravidez e da falta de promoção da gravadora, o álbum só teve um single lançado e outros dois enviados promocionalmente para as rádios. Tudo isso comprometeu ainda mais a carreira de Nivea que, após o rompimento de contrato com a Jive, lançou seu terceiro CD - Animalistic - apenas no Japão, através de sua nova gravadora. Há planos de que este CD seja reformulado e lançado nos Estados Unidos, mas sem as produções de The Dream, agora ex-marido da cantora. Complicated, portanto, é um bom título para identificar a busca pelo reconhecimento de Nivea e espero que ao longo dessa resenha fique claro o porquê ela deveria ter sido levada a sério e também o porquê ela poderia ter feito o sucesso que a Rihanna fez no ano de 2007.


RESENHA: Complicated [LP]


Com composições originais da própria Nivea e de seu marido na época, o grande produtor do mega-hit Umbrella, The Dream, eles conseguiram mergulhar no R&B contemporâneo e mais especificamente no intrigante estilo Crunk (prefiro chamar de Crunk'nB)*. Identificaram e reproduziram os fatores que tornaram bem-sucedidas inúmeras canções do gênero, através da livre utilização de samples e referências a músicas como Burn, do cantor estadunidense Usher (em Breathe). Todas as 14 faixas do LP (contando a faixa-bônus) poderiam facilmente ter sido lançadas como single, especialmente as duas produzidas por Jermaine Dupri - Complicated e Parking Lot - este que é conhecido por produzir grandes artistas da black music, recentemente sendo um dos protagonistas no retorno da Diva Mariah Carey ao topo das paradas.


01. Rain (Interlude): Som de chuva forte, harmônicos ao fundo, certamente uma melodia voltada para o R&B. A intro, praticamente falada, é um hino sobre o quanto a chuva pode ser sinônimo de tristeza, mas que ao mesmo tempo vem para purificar e levar embora tudo de ruim que carregamos. Sem a tempestade, não poderá surgir a bonança.

In order to see sunshine in the end

There would have to be rain in the beginning
Right now it's pouring...


02. Complicated: Bom, ainda continua chovendo e a vida de Nivea começa a descomplicar. A faixa, que foi eleita como 3º single - embora nunca fora lançada oficialmente - é mais uma das baladas desenhadas por JD. É nesta slow jam voltada ao R&B contemporâneo que Nivea exalta que o amor não é sempre complicado, embora quem está de fora possa torcer contra algo tão forte. O melhor da música é a bridge, que nos deixa com uma ponta de inveja, tamanho é o sentimento que ela nutre, embora haja adversidades.


Boy you make me feel so beautiful

And I ain't never gonna let you go


People say this ain't how it's supposed to go

But I refuse to believe cause it happened to me

One day you're standing in the middle of the road

And you don't where you're goin'

All of a sudden your whole life changes

Then life finally gives you somethin' back

It's been a mean world without you

Boy I love ya, I
love ya


I think about us (all day)

Dream about ya (always)
Love ain't always (com-pli-cat-ed)


03. Okay (Feat.Lil' Jon & Young Bloodz): O primeiro single do CD já tinha tudo pra ser um escândalo. Primeiramente a parceria com um dos mestres da Crunk music, Lil' Jon, depois a letra um pouco abusada e os ad-libs um tanto quanto interessantes. Seguidos de "La la la la, la la la la", a música se constrói a partir de uma batida um tanto quanto similar ao que se encontra na contemporaneidade. Mesmo sem muita inovação, porém, o refrão consegue fazer com que fiquemos querendo ouvir mais e mais, até o fim da canção. A contribuição de Lil' Jon é um tanto quanto especial, dando mais notoriedade para a música na rádio. Creio que foi assim que conseguiu fazer um pouco de barulho. Mesmo assim é uma música animada, bem no estilo daquelas que tocam em baladas e clubs por aí, mostrando o que há de melhor no Crunk'nB.


Your hands all on my booty,
Two stepping in my cutchie,
They're like go girl (go girl), go girl (go girl), go girl (go girl)
U like the way I shake it,
You wanna see me naked,
It could be your night, your night, your night
All my girls get your hair fixed and your nails done put your hands up and say


Okay (okay), okay (okay), okay (okay), okay (okay)

U get a drink, get another one make him pay for it
Put it in the air and say

Okay (okay), okay (okay), okay (okay), okay (okay)


04. Parking Lot: Certamente uma das mais refinadas produções de JD no ano de 2005. Voltada essencialmente pro estilo Crunk'nB, Parking Lot é uma canção mid-tempo, podendo muito bem ser intitulada a canção da traição. Os ad-libs do início já indicam como será a música (Get crunk, get crunk). Durante 3:51 maravilhosos minutos ela consegue se auto-denominar a vadia da área, aquela que liga inúmeras vezes para o amante enquanto o marido dorme, marcando um encontro com ele em seu carro, no estacionamento do Mc Donald's da Avenida Harris. Sem meias-palavras ela quer encontrá-lo pronto para satisfazer o pedido - aí entra um trocadilho interessante com os especiais do próprio Mc Donald's. Letra forte e melodia intrigante, Parking Lot teve que ser reformulada pra que pudesse tocar nas rádios. Ela passa, então, de adúltera, para uma vadia qualquer, mas que não trai o marido.


Letra do CD:

I need to see you now, can you get out?
My man is at the house, so
Meet me at the Mc Donald's parking lot
And I got to stop, cause we in the drop
But I just got to, cuz I got my man

But you understand that he's not you

And I can't help it I'm gonna meet you here tomorrow night
I'm telling you (Whoaaa)


Letra do Single:

I need to see you now, can you get out?
I'm about to leave the house, so
Meet me at the McDonalds parking lot
And I got to stop, cause we in the drop
But I just got to, can't let you go
Get a little more, oh it's all about you
And I can't help it I'm gonna meet you here tomorrow night
I'm telling you (Whoaaa)


05. Fulton Country Correctional Call (Interlude): Nada de especial nessa interlude. Mostra uma ligação para um presídio, certamente para introduzir o problema da próxima música, I Can't Mess With You.


06. I Can't Mess With You (Feat. The Dream): Utilizando o sample mais reproduzido na história da humanidade - You Are Everything, aclamado dueto de Marvin Gaye e Diana Ross - aqui tem-se outra canção parecida com Parking Lot. O ritmo de slow jam não engana quando o refrão começa a tocar. I can't mess with you, cause I'm still in love with you. Sabe-se que a letra original não conseguiu ser incorporada ao CD por ser muito mais explicito que isso. A produção é de The Dream, que consegue transformar a mais doce das antigas canções R&B em algo um tanto quanto vulgar, embora com uma certa discrição. Definitivamente vale conferir o trabalho "sujo".


Letra do CD:

I can't mess with you
Cause I'm still in love with you


Letra da Demo:

I can't f**k with you

Cause I'm still in love with you


07. Breathe (Let It Go): N-I-V-E-A-A-A-A - é assim que Nivea abre as portas pra essa ótima canção R&B. Voltando todos os esforços para o que é interessante na atualidade, ela busca incrementar, através de referências diretas à música Burn - do cantor estadunidense Usher - a essência de Breathe. Os ad-libs e o loop viciante formam um interessante par nessa canção mid-tempo. Cantando num estilo ghetto, ela consegue nos prender tanto nos versos quanto no refrão e na bridge - que é toda cantada em falsetto - onde clama pela volta de seu amado, embora saiba que deva "deixar pra lá" (let it go). Seria uma ótima candidata a single, definitivamente.


I gotta let it go

Even though I can't live without you
Don't wanna lose control (breathe in, breathe out)
Even though I'm missin' everything about ya
And I'm trynna keep my composure
But on the inside it's really killing me
All I can do is just breathe in, breathe out

08. Quickie (Feat. Rasheeda): Uma canção um tanto quanto interessante. Utiliza elementos clássicos do R&B com batidas mais atuais e tem um rap bastante inteligente. Mas nada de muito especial.


09. Indian Dance: No maior estilo oriental, a canção consegue incrementar o estilo r&b contemporâneo de Christina Milian - mais conhecida pela insana canção Dip It Low - com o balanço melódico digno de alguma boa música vinda do Marrocos. Mais uma pra acrecentar à lista de músicas prontas para o mercado urban. Os ad-libs e o fundo são perfeitamente sincronizados com o violão que consegue, por sua vez, casar e muito bem com as batidas criadas para não sair do conceito r&b dançante.


Went in My A, all the way to Jamaica

From New york back across to the bay now
I see you watching and I know you wanna get in me
Boy I have you singing like them indians

10. No More: Utiliza uma batida R&B comum, com acrobacias vocais diferentes, incluindo modificações no vocal, deixando-o mais fino.


11. Gangsta Girl (Feat. R. Kelly): Nivea conseguiu com que R. Kelly retribuísse a colaboração em Laundrymat nessa canção extremamente sexy, sobre ir para a cama com uma garota da máfia. Pena que é bastante curta.

12. Okay (Red-Cup Remix Feat. The Dream): A melodia é retirada de uma canção de Mariah Carey, Breakdown. Neste remix o cantor e produtor The Dream aparece fazendo uma boa participação, mencionando nomes relevantes do R&B, como Mary J. Blige, Usher, Monica e etc. O vocal é totalmente diferente da versão orginial e ficou até mais interessante, uma versão mais laid back, mais suave e menos Crunk.


13. So Far: Clássico R&B com um refrão interessante. Nada mais que isso.


14. It's All Good: Essa é talvez uma das mais gostosas de se ouvir. Canção um pouco mais lenta, com vocais bem relaxados. Incorpora um pouco do soul às batidas contemporâneas.


15. My Fault (Ghetto Apology) [Bonus Track]: Essa canção é muito boa. Cai também no campo de produções comuns do The Dream, mas poderia facilmente ter entrado no CD.


*


A partir de todas essas demonstrações de quanto o Crunk'nB é divertido e também pode ser moldado em canções mais introspectivas, Nivea consegue nos prender do começo ao fim. O trabalho, infelizmente, não conseguiu ganhar a notoriedade merecida e as grandes produções de The Dream demoraram para serem reconhecidas devidamente. Em 2007 muitas de suas produções ganharam destaque, sendo Umbrella - emplacando seis semanas em #1 - a principal. Enquanto isso, Nivea ainda luta para que seu Crunk'nB seja notado algum dia. É uma pena que Animalistic não conta com resquício algum da qualidade de produção de Complicated.


DESTAQUES: Complicated, Parking Lot, Breathe, I Can't Mess With You (Feat. The Dream), It's All Good, My Fault (Ghetto Apology) e Okay (Red-Cup Remix Feat. The Dream).


FRACAS: Somente So Far.


AVALIAÇÃO


Rafaélico.

[Ao som de When You Believe, Mariah Carey & Whitney Houston - #1's, 1998]

sábado, 16 de fevereiro de 2008

[Single] Mariah Carey: Touch My Body

[Ao som de Touch My Body, Mariah Carey - E=MC², 2008]

A sensualidade imposta de forma suave por Mariah Carey em seu mais novo single, Touch My Body, é algo que ela não vinha fazendo em seus últimos trabalhos. É uma música refrescante, co-produzida pela dupla Tricky e The-Dream, os responsáveis pelo hit Umbrella, da Rihanna. A canção é uma mid-tempo um tanto quanto peculiar, tendo em vista todas as músicas que estão nos charts hoje em dia. A maioria delas consiste em músicas electro-pop ou em produções do Stargate, repletas de violão e batidas R&B, ou mesmo as famosas heavy hip-hop, com batidonas estilo club banger. A Mariah veio para dar uma pausa e tornar tudo muito mais sensual. Acho que pela primeira vez em toda sua carreira ela conseguiu me surpreender e ser sensual, ao invés de soar um tanto quanto vadia - como é o estilo das novas musas do R&B que andam surgindo por aí.

Capa do single de Touch My Body, onde Carey veste apenas um chapéu.

O novo formato de Crunk Music se encaixa perfeitamente nesse rumo que ela está dando para a carreira. Os airplays devem ser monstruosos já a partir do fim dessa semana, fazendo com que ela suba instantaneamente nos charts. A música lembra uma versão mais laid back de Shake It Off, outro hit da cantora, de 2005. Touch My Body é um pouco mais lenta, envolvente, ao mesmo tempo em que os vocais não lembram nenhuma música do trabalho anterior, The Emancipation Of Mimi. Na verdade, o registro em que ela canta remete às suas músicas de cerca de 13 anos atrás, cantando mais baixo, um tom que agrada bastante e que ela deve conseguir fazer perfeitamente ao vivo.
A suavidade no modo de cantar é refletida por essa melodia laid back, mas é contrastada pela letra, que tem um misto de ingenuidade e atitude feminina. O jeito toda menininha de ser se encontra, então, com o mulherão que quer "receber o que merece" na cama. A Diva conseguiu fazer a mais d
oce das músicas no estilo Crunk, que muitas vezes pega pesado (é só pesquisar letras de música crunk para verificar como são muito mais pesadas). Em Touch My Body, Carey age como se estivesse chegando no fim daquele momento envolvente das preliminares, em que tem noção de qual será o próximo passo, e mesmo assim não se envergonha de nada. A letra contém menções exclusivas ao YouTube e à locutora e futura apresentadora de TV Wendy Williams, que gosta de se intrometer na vida privada de seus entrevistados. Na canção, Carey demonstra que está tão caída por seu amante (não no sentido adúltero da palavra) do que ele mas que, para tudo acontecer, ele deve manter o encontro em segredo, pois se divulgar qualquer informação ou se gravar um vídeo e colocar no YouTube, ela ameaça caçá-lo insistentemente. Pede, portanto, para que ele toque seu corpo e a deixe fazer com que ele sinta algo que ele nunca sentiu antes.
Sexo vende e Mariah está falando sobre o assunto
de um jeito interessante, explorando ao máximo a sexualidade feminina, sem ser diretamente explícita para ser censurada. A canção estreou nas rádios estadunidenses dia 12 de fevereiro e já é uma das mais adicionadas nos formatos mais populares. Espere grandes momentos para Mariah Carey em sua mais nova era. Mimi retorna às rádios mais sexy do que nunca!

AVALIAÇÃO:
(3.5 de 5.0)
Rafaélico.

[Fim do post ao som de Touch My Body, Mariah Carey - E=MC², 2008]

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Revivendo textos antigos.

Perfeição. É algo que pode ser interpretado de acordo com o espectador. Nós sempre a buscamos, mas ela também pode ser definida por níveis. Pode parecer bobeira, mas a linha que divide os dois extremos da perfeição é muito tênue, tanto que todos os dias vagamos entre eles: ser relapso ou ser paranóico. Basta observarmos nossas ações diárias para constatar tal fato.
Acordar todos os dias e não arrumar a cama, só porque de noite teremos que desarrumá-la para dormirmos, nos torna relapsos? Organizar meticulosamente nossos cds de acordo com o nome do artista, o ano do cd, o título do mesmo, e etc, nos torna paranóicos? Creio que cada pessoa tem uma resposta diferente para essas indagações - leia-se: nenhum indivíduo diria que suas próprias ações, que certamente possuem uma determinada justificativa, são consideradas de uma maneira ou de outra, até porque ninguém gosta de ser relapso e ninguém gosta de ser perfeito, porque esse termo só existe na teoria, e nos contos de fadas.
Ninguém é perfeito. E é disso que a humanidade sobrevive. Se fôssemos todos perfeitos, o que seriam dos príncipes encantados e das princesas indefesas? Se fôssemos todos perfeitos, o mundo seria como um grande e chato conto de fadas, onde não existiriam bruxas malvadas e magos oportunistas. Não existiria a oportunidade de aprender com os erros e não exisitiriam as decepções. De uma certa forma, um mundo sem decepções - principalmente amorosas - parece interessante e tentador, uma vez que sofrer por amor não está no topo da lista de sensações favoritas da humanidade. Por outro lado, ninguém experimentaria a sensação de ir ao fundo do poço e conseguir se reerguer, com todas as honras possíveis.
O mundo perfeito tornar-se-ia, então, um lugar apático, onde todas as emoções seriam baseadas na simplicidade e na comodidade. Não seria difícil encontrarmos príncipes e princesas de nossas vidas, porque qualquer um seria igualmente especial e todos sabemos, nesse mundo nada perfeito, que cada um é especial de sua própria forma.
O mundo perfeito não existe. E não posso dizer que não fico feliz por isso. A liberdade de mostrar o que somos nos distancia de alguns, mas é o que nos aproxima da perfeição. Como nada é perfeito, chegar perto disso tudo é o bastante para que possamos encontrar o que nos torna especiais aos olhos dos outros."
(Rafaélico, 2007).

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

[SHOW] Dignity Tour no Brasil, Hilary Duff

Mostrando todos seus atributos, Hilary Duff terminou seus dois primeiros shows em São Paulo nessa terça-feira (22/01). Cheia de movimentos e atitude, a cantora estadunidense conseguiu cativar o público com sua doçura e animação.

Hilary Duff no Via Funchal, SP

"Como vai São Paulo! Vamos dançar?". Foi assim que teve início o diálogo entre Duff e os fãs - entre eles meninas, meninos, adolescentes e adultos - no Via Funchal, que desta vez não estava tão cheio. A setlist foi basicamente a mesma da versão oficial da Dignity Tour, com apenas dois cortes (Between You And Me e Happy). Durante o concerto, Duff foi se soltando e agradecendo o público a cada bloco de canções.

O início com Play With Fire veio pontualmente às 21h. Apesar do cenário pobre - provavelmente por conta do custo que seria trazer uma mega-produção para o pequeno palco do Via Funchal - a animação ficou por conta da cantora e dos dançarinos. Em alguns pontos altos do show, onde Duff executava coreografias interessantes, dava para perceber a utilização do mais novo recurso das grandes produções internacionais - o backing track. É um recurso utilizado para dar suporte/base aos vocais ao vivo, utilizado para que o resultado final do show seja melhorado qualitativamente (embora no passado e agora com alguns cantores e cantoras por mundo afora isso não seja realmente necessário).

O show foi dividido em quatro grandes blocos, cada um com uma vibe diferente. O primeiro bloco ficou por conta das mais conhecidas pelo público - Play With Fire e Come Clean - embora o destaque tenha sido realmente Dignity, onde dançarinas desfilavam pelo palco com bolsas de estilistas e sapatos altos. O segundo bloco chegou com uma série de músicas dos trabalhos anteriores da cantora, iniciando pela cativante Beat Of My Heart e terminando com o hino So Yesterday, grande conhecida entre os fãs e em nova versão, emendada com o sample da antiga Everything's Gonna Be Alright. O terceiro bloco levou o público à loucura. Abrindo com a mais aplaudida da noite, With Love, Hilary mostrou o poder da sensualidade. A melhor música do show se encontra neste bloco: o cover de Love Is A Battlefield, de Pat Benatar. Foi uma pena que o público em sua grande maioria não entendia nada que ela dizia e a animação se perdeu um pouco. Wake Up também foi destaque deste bloco. Finalizando com Outside Of You - a minha favorita - Duff se despediu do público com um grande "Obrigada, São Paulo". O último bloco ficou por conta da intimista e também favorita dos fãs Fly, com Hilary em um vestido preto que mostrou e muito bem suas belas curvas. Outro grande destaque foi a nova canção de trabalho (que estará no relançamento do álbum, marcado para 2008), a sexy e influenciada pelos anos 80 Reach Out And Touch Me, com uma coreografia que levou o público ao delírio. O fim do bloco e do show foi marcado pelo sucesso atual da cantora no país, Stranger. A produção não foi tão bem executada quanto no DVD da turnê, onde havia fogo para todos os lados e a iluminação tornava a apresentação mais interessante, mas Duff e os dançarinos fizeram suas partes perfeitamente.

As luzes se acenderam e com um grande discurso que praticamente ninguém no local conseguia entender - talvez os pais ou pessoas maiores de idade como eu que foram ao show - Hilary Duff mostrou o porquê é tão querida pelo público:

"Eu queria saber falar português para me comunicar melhor com vocês.
Poderia ficar aqui por muito tempo só observando vocês e sentindo
todo esse calor. Eu não tinha idéia que fosse tão querida aqui no Brasil.
Hoje foi meu segundo show aqui e já me sinto em casa. Terminamos o

show com a certeza de que retornaremos em breve. Obrigada, São
Paulo!
Obrigada, Brasil! Boa noite a todos. Eu amo todos vocês!".

SETLIST:

[Bloco 1]
01. Play with Fire
02. Danger
03. Come Clean
04. The Getaway
05. Dignity
06. Gypsy Woman

[Bloco 2]
07. Beat Of My Heart
08. Our Lips Are Sealed
09. Why Not?
10. So Yesterday/Everything's Gonna Be Alright (Island Remix)

[Bloco 3]
11. With Love
12. Never Stop/Major Tom
13. Wake Up
14. I Wish
15. Love Is a Battlefield (Cover de Pat Benatar)
16. Outside Of You

[Bloco 4]
17. Fly
18. Dreamer
19. Reach Out And Touch Me
20. Stranger (Oriental Remix)

Por mais que muita gente ainda pense que Duff está fazendo "show para meninas", isso definitivamente está mudando, principalmente porque a cantora e atriz, que era a protagonista de Lizzie McGuire no Disney Channel, já não é mais adolescente. Suas composições evoluíram, assim como seu mais recente trabalho, voltado quase que exclusivamente para o electro-pop contemporâneo - que conseguiu atingir outras faixas etárias. Hilary Duff ainda tem uma última apresentação no Brasil antes de se despedir do público. Dia 24 de janeiro ela se apresentará - também por 1h30 no Rio de Janeiro.

DESTAQUES: Os vocais e coreografias incríveis em Love Is A Battlefield e Reach Out And Touch Me; As apresentações de Dignity, Outside Of You, Beat Of My Heart, Fly, With Love, So Yesterday/Everything's Gonna Be Alright, Wake Up e Stranger (Oriental Remix).

FRACO: A produção pobre e a acústica do Via Funchal, além de alguns pais que são definitivamente um pouco mais irritantes que os filhos mais novos.

AVALIAÇÃO:

Rafaélico.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

[CD] Because I Love It, Amerie [2007]

[Ao som de Crazy Wonderful, Amerie - Because I Love It, 2007]



INTRODUÇÃO: Quem é Amerie, e em que momento surge o Because I Love It?


Muitos de vocês não devem conhecer Amerie. Talvez estejam familiarizados com aquela música que tocou no filme Hitch, do Will Smith, One Thing. Não? Pois é, isso significa que a artista americana de raízes sul-africana e coreana infelizmente não conseguiu a notoriedade merecida no mercado. Medianamente popular na Europa e no Japão, Amerie lançou seu terceiro álbum de inéditas no ano de 2007, intitulado Because I Love It. Ela demonstra, através de composições e produções próprias, o porque deveria estar no mínimo dividindo o patamar de notoriedade com celebridades da black music como Beyoncé, que é acusada de supostamente roubar o estilo de Amerie.
Boatos e farpas à parte, as tentativas iniciais da Amerie não emplacaram como deveriam, exceto talvez pelo álbum Touch. O CD, segundo de sua carreira, estreou em 5º lugar no Billboard 200 e emplacou o top 10 com One Thing, além de um amargo e injusto Bubbling Under no Hot 100 da Billboard com a canção-título do CD.
Um intervalo de dois anos e Amerie busca seu retorno com o álbum em questão, Because I Love It. O problema: a gravadora não gostou do impacto do primeiro single nos Estados Unidos, Take Control, e adiou inúmeras vezes o lançamento do LP no país. A solução encontrada foi tentar chamar a atenção do mercado estadunidense a partir dos mercados da Europa e da Ásia.
Enfim, com Take Control fazendo um pouco de barulho nesses mercados, o CD foi lançado em maio de 2007, acompanhado de versões bônus exclusivas para cada um deles. Tomei por base a versão oficial do CD para fazer a resenha, faixa a faixa.


RESENHA: Because I Love It [LP]


Amerie compôs e produziu todas as músicas, utilizando samples de funk/soul dos anos 80, incluindo o sample da canção Jimmy, Renda-se, do artista brasileiro Tom Zé (em Take Control).

01. Forecast (Intro): O cd começa simples, uma intro pouco pretensiosa, com uma letra pra cima. Ela realmente nos mostra que, embora a previsão do tempo diz que não vai parar de chover, Amerie nos trará o sol novamente, com esse belo trabalho (I know that the sun will come out / It will come out);

02. Hate2LoveU: Incorpora elementos do r&b com batidas funk antigas. O refrão é ótimo, gruda na cabeça mesmo;

03. Some Like It: O cd aí já entra na sua genialidade de criação. O sample dessa música é dos anos 80. A música original é praticamente toda instrumental. Amerie simplesmente escreveu uma música inteira por cima, brincando e muito bem com vocais e com os harmônicos no fundo. A música é quase que uma cantada bem direta (I'm not gonna bite you, maybe excite you / If I really like you);

04. Make Me Believe: Quase nos mesmos elementos que Hate2LoveU, só que um pouco mais suave, mais soulful, embora o ritmo pareça mais consistente e o refrão bem chamativo (Make me believe in you / Show me your love can be true);

É a partir deste ponto que o CD entra em sua seqüência perfeita:

05. Take Control: Utilizando magnificamente o sample Jimmy, Renda-se, ela consegue pegar somente a base da música e construir, a partir de uma batida viciante, o primeiro single do cd. Uptempo e bem chamativa, Take Control é bastante sólida e ideal para ser o primeiro single; letra e melodia combinam perfeitamente (Take control of me, lose it to me / Why don't you come a little closer?);

06. Gotta Work: Essa certamente está no meu top 3. A letra é ótima, utiliza o sample de uma música que creio muitos de nós conhecemos. É talvez uma das poucas músicas com melodia mais agressiva do cd. (Sometimes you're gonna feel pain like this / Sometimes you gotta work hard for it). Foi trabalhada como 2º single do Because I Love It, fazendo algum barulho nos charts da Europa;

07. Crush: A primeira slow jam do cd. Não tem muito como descrever, exceto pela brilhante construção dos versos. É soft, bonitinha, cativante mesmo (I wish I could save your kiss for some other girl to taste / To see the expressions on her face). Foi re-editada para a versão norte-americana e será lançada no primeiro semestre de 2008 como single. A reedição utiliza um sample mais rough, tirando um pouco da graça da música. A versão soft é muito mais elegante e não peca em nada, tornando-se certamente uma das melhores músicas R&B do ano de 2007;

08. Crazy Wonderful: A música mais sexy do CD. Vai na categoria de slow jam também, sensualíssima. Os vocais são perfeitamente encaixados pra dar esse ar diferente pra música (You're so sexy, heaven help me please, I need to get my mind right / You're so incredible, those lips of yours so luscious I just wanna bite, and I could do that all night);

09. That's What U R: Outra música sexy, certamente poderia ter entrado no CD Destiny Fulfilled das Destiny's Child. A melodia utilizada lembra muito uma música de lá (Is She The Reason). Um R&B soulful, slow jam, sexy. (Cause you're so, sexual, oh that's what you are / Sensual, oh you're looking so beautiful);

10. When Loving You Was Easy: Minha favorita do CD. Tudo nessa música é maravilhoso. Melodia bem R&B, mid-tempo, letra bem construída. Essa música certamente poderia ter sido feita pela Mariah Carey e ter entrado no The Emancipation Of Mimi. É muito, mas muito próxima dela. A bridge é ótima, é talvez uma das que ela mais use acrobacias vocais (When loving you was easy, why'd you make it hard for me? / But I'm tired now, and that's why I'm leaving you);

11. Paint Me Over: Essa música tem uma vibe meio dark. Ela continua no R&B contemporâneo, resgatando um sample antigo, que novamente nem parece que foi tão utilizado, tal o jeito que ela constrói a história de Paint Me Over. Letra melancólica, melodia dramática... (You want me to be what you want me to be, but you can't paint me over / You tried to mold me, and I wish that I'd pleased you more)

12. Somebody Up There: Talvez a mais fraca do cd. É bonitinha, vai também no estilo R&B contemporâneo, mas não tem a qualidade de produção que as outras têm. É simples, e poderia ter sido substituída por uma das faixas-bônus, embora a letra seja magnífica, mesmo.
(
You know what they say
That everything in your life
Brings you to where you are today
I know what they mean
Cuz even with all the bad
I wouldn't change a thing
Cuz it led me to you
);

13. All Roads (Lead To You): Muita gente poderia achar os vocais nessa música irritantes, mas eu os acho magníficos. Começando pela produção, que resgata uma música antiga muito triste. A letra é bem universal também. Mas o jeito que a melodia vai evoluindo, junto com os vocais... Parece que vai nos libertar no final, nos faz imaginar que tudo no final sempre dá certo.
(
I search to find
High and low
For something that was missing
It took some time
For me to see
Just where my life was leading
No looking back
A new beginning's waiting
And now I know
I never ever have to be alone

All roads lead to you
No matter where I am
I know that you'll be standing by my side
All roads lead to you
No matter where I've been
I know you've always been my guiding light
);

O CD também contém duas bonus tracks oficiais, mas o que vale comentar é que caberiam perfeitamente na vibe do CD. Streets Alone vai mais pro som R&B do Ghetto (inclusive por conta da letra), enquanto que Losing You usa magnificamente o sample de uma música do Khaled, vinda de outra parte do mundo.

Tudo isso fez com que Because I Love It se tornasse, em minha opinião, um dos melhores CDs de R&B Contemporâneo do ano e também da década de 2000.

DESTAQUES: When Loving You Was Easy, Crazy Wonderful, Crush, Take Control, Gotta Work e Losing You.

FRACAS: Somente Somebody Up There, que mesmo assim possui uma letra linda.



AVALIAÇÃO


Rafaélico.

[Concluíndo o tópico ao som de Losing You, Amerie - Because I Love It, 2007]

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

.because i love it

[Ao som de Stay Together, Jennifer Lopez - Brave, 2007]




E aqui vou eu de novo!

Acho que a criação de blogs é algo cíclico pra mim. Sempre que estou com bastante tempo livre tenho vontade de compartilhar alguma coisa com alguém. Minha história no mundo bloguístico começou com o extinto Fora, Tédio! que, como o nome já diz, era uma tentativa de me entreter enquanto nada de muito interessante acontecia. Logo depois veio o Entertainment, uma versão atualizada dos assuntos que eu discutia no primeiro, com dicas de programas e música.

Agora vem uma nova fase. A fase de formado! E com ela uma sensação de vazio que veio com força total. Sensação essa que espero que seja aliviada com a criação deste blog. Espero que meu histórico não permita que este tenha o mesmo fim que os outros assim que encontrar outras coisas que também preencham o vazio deixado pela formação do curso.

O meu intuito quando da criação deste blog é retomar o que discuti intensamente no Entertainment e ampliar o conhecimento de todos os leitores em questões referentes à mídia, principalmente. Sei que existem muitos talentos por aí que não possuem o destaque merecido. É a inspiração neles e naqueles também já velhos conhecidos do público em geral que venho compartilhar meus gostos e expectativas para com o mundo do entretenimento.

Aqui serão encontradas resenhas de CDs, filmes, programas de TV e quaisquer outros assuntos que eu achar pertinente (o que certamente incluirá posts sem-noção sobre minha própria vivência).

Declaro, portanto, aberta a temporada de estréia de .because i love it.



Rafaélico.

[Fechando o post ao som de Brave, Jennifer Lopez - Brave, 2007]